quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

O Cego Estrelito

Conto de Mia Couto

O cego Estrelinho era pessoa de nenhuma vez: sua história poderia ser contada e descontada não fosse seu guia, Gigito Efraim. A mão de Gigito conduziu o desvistado por tempos e idades. Aquela mão era repartidamente comum, extensão de um no outro, siamensal.
E assim era quase de nascença. Memória de Estrelinho tinha cinco dedos e eram os de Gigito postos, em aperto, na sua própria mão.

O cego, curioso, queria saber de tudo. Ele não fazia cerimónia no viver. O sempre lhe era pouco e o tudo insuficiente. Dizia, deste modo:
- Tenho que viver já, senão esqueço-me.

Gigitinho, porém, o que descrevia era o que não havia. O mundo que ele minuciava eram fantasias e rendilhados. A imaginação do guia era mais profícua que papaeira. O cego enchia a boca de águas:

- Que maravilhação esse mundo. Me conte tudo, Gigito!
A mão do guia era, afinal, o manuscrito da mentira. Gigito Efraim estava como nunca esteve S. Tomé: via para não crer. O condutor falava pela ponta dos dedos. Desfolhava o universo, aberto em folhas. A ideação dele era tal que mesmo o cego, por vezes, acreditava ver. O outro lhe encorajava esses breves enganos:

- Desbengale-se, você está escolhendo a boa procedência!
Mentira: Estrelinho continuava sem ver uma palmeira à frente do nariz. Contudo, o cego não se conformava em suas escurezas. Ele cumpria o ditado: não tinha perna e queria dar o pontapé. Só à noite, ele desalentava, sofrendo medos mais antigos que a humanidade. Entendia aquilo que, na raça humana, é menos primitivo: o animal.

- Na noite aflige não haver luz?
- Aflição é ter um pássaro branco esvoando dentro do sono.
Pássaro branco? No sono? Lugar de ave é nas alturas. Dizem até que Deus fez o céu para justificar os pássaros. Estrelinho disfarçava o medo dos vaticínios, subterfugindo:
- E agora, Gigitinho? Agora, olhando assim para cima, estou face ao céu?

Que podia o outro responder? O céu do cego fica em toda a parte. Estrelinho perdia o pé era quando a noite chegava e seu mestre adormecia. Era como se um novo escuro nele se estreasse em nó cego. Devagaroso e sorrateiro ele aninhava sua mão na mão do guia. Só assim adormecia. A razão da concha é a timidez da amêijoa? Na manhã seguinte, o cego lhe confessava: se você morrer, tenho que morrer logo no imediato. Senão-me: como acerto o caminho para o céu?

Foi no mês de Dezembro que levaram Gigitinho. Lhe tiraram do mundo para pôr na guerra: obrigavam os serviços militares. O cego reclamou: que o moço inatingia a idade: E que o serviço que ele a si prestava era vital e vitalício. O guia chamou Estrelinho à parte e lhe tranquilizou:

- Não vai ficar sozinhando por aí. Minha mana já mandei para ficar no meu lugar.
O cego estendeu o braço a querer tocar uma despedida. Mas o outro já não estava lá. Ou estava e se desviara, propositado? E sem água ida nem vinda, Estrelinho escutou o amigo se afastar, engolido, espongínquo, inevisível. Pela primeira vez, Estrelinho se sentiu invalidado.
- Agora, só agora, sou cego que não vê.

No tempo que seguiu, o cego falou alto, sozinho como se inventasse a presença de seu amigo: escuta, meu irmão, escuta este silêncio. O erro da pessoa é pensar que os silêncios são todos iguais. Enquanto não: há distintas qualidades de silêncio. É assim o escuro, este nada apagado que estes meus olhos tocam: cada um é um, desbotado à sua maneira. Entende mano Gigito?
Mas a resposta de Gigito não veio, num silêncio que foi seguindo, esse sim, repetido e igual. Desamimado, Estrelinho ficou presenciando inimagens, seus olhos no centro de manchas e ínvias lácteas. Aquela era uma desluada noite, tinturosa de enorme. Pitosgando, o cego captava o escuro em vagas, despedaços. O mundo lhe magoava a desemparelhada mão. A solidão lhe doía como torcicolo em pescoço de girafa. E lembrou palavras do seu guia:
- Sozinha e triste é a remela em olho de cego.

Com medo da noite foi andando, aos tropeços. Os dedos teatrais interpretavam ser olhos. Teimoso como um pêndulo foi escolhendo caminho. Tropeçando, empecilhando, acabou caído numa berma. Ali adormeceu, seus sonhos ziguezagueram à procura da mão de Gigitinho.
Então ele, pela primeira vez, viu a garça. Tal igual como descrevera Gigitinho: a ave tresvoada, branca de amanhecer. Latejando as asas, como se o corpo não ocupasse lugar nenhum.

De aflição, ele desviou o vazado olhar. Aquilo era visão de chamar desgraças. Quando a si regressou lhe parecia conhecer o lugar onde tombara. Como diria Gigito: era ali que as cobras vinham recarregar os venenos. Mas nem força ele colectou para se afastar.

Ficou naquela berma, como um lenço de enrodilhada tristeza, desses que tombam nas despedidas. Até que o toque tímido de uma mão lhe despertou os ombros.
- Sou irmã de Gigito. Me chamo Infelizmina.

Desde então, a menina passou a conduzir o cego. Fazia-o com discrição e silêncios. E era como se Estrelinho, por segunda vez, perdesse a visão. Porque a miúda não tinha nenhuma sabedoria de inventar. Ela descrevia os tintins da paisagem, com senso e realidade. Aquele mundo a que o cego se habituara agora se desiluminava. Estrelinho perdia os brilhos da fantasia. Deixou de comer, deixou de pedir, deixou de queixar. Fraco, ele careceu que ela o amparasse já não apenas de mão mas de corpo inteiro. De cada vez, ela puxava o cego de encontro a si. Ele foi sentindo a redondura dos seios dela, a mão dele já não procurava só outra mão. Até que Estrelinho aceitou, enfim, o convite do desejo.

Nessa noite, por primeira vez, ele fez amor, embevencido. Num instante, regressaram as lições de Gigito. O pouco se fazia tudo e o instante transbordava eternidades. Sua cabeça andorinhava e ele guiava o coração como voo de morcego: por eco da paixão. Pela primeira vez, o cego sentiu sem aflição o sono chegar. E adormeceu enroscado nela, seu corpo imitando dedos solvidos em outra mão.

A meio da noite, porém, Infelizmina acordou, sobreassaltada. Tinha visto a garça branca, em seu sonho. O cego sentiu o baque, tivessem asas embatido no seu peito. Mas, fingiu sossego e serenou a moça. Infelizmina voltou ao leito, sonoitada.

De manhã chega a notícia: Gigito morrera. O mensageiro foi breve como deve um militar. A mensagem ficou, em infinita ressonância, como devem as feridas da guerra. Estranhou-se o seguinte: o cego reagiu sem choque, parecia ele já sabendo daquela perca. A moça, essa, deixou de falar, órfã de seu irmão. A partir dessa morte ela só tristonhava, definhada. E assim ficou, sem competência para reviver. Até que a ela se chegou o cego e lhe conduziu para a varanda da casa. Então iniciou de descrever o mundo, indo além dos vários firmamentos. Aos poucos foi despontando um sorriso: a menina se sarava da alma. Estrelinho miraginava terras e territórios. 

Sim, a moça, se concordava. Tinha sido em tais paisagens que ela dormira antes de ter nascido. Olhava aquele homem e pensava: ele esteve em meus braços antes da minha actual vida.
E quando já havia desenvencilhado da tristeza ela lhe arriscou de perguntar:
- Isso tudo, Estrelinho? Isso tudo existe aonde?

E o cego, em decisão de passo e estrada, lhe respondeu:
- Venha, eu vou-lhe mostrar o caminho!

Feliz Livro Novo!!!


Encerra-se mais um ano em sua vida...

Quando este ano começou, ele era todo seu.
Foi colocado em suas mãos...
Podia fazer dele o que quisesse...
Era como um Livro em Branco,
e nele você podia escrever um poema,
um pesadelo, uma blasfêmia, uma oração.


Podia...  Hoje não pode mais, já não é seu.
É um livro já escrito... Concluído...
Este livro, escrito por você, um dia lhe será lido,
com todos os detalhes, e não poderá mais corrigi-lo.
Estará fora de seu alcance. Portanto...
Antes que termine este ano,

reflita, tome seu velho livro e folheie com cuidado...
Deixe passar cada uma das páginas, pelas mãos e pela consciência;
Faça o exercício de ler para você mesmo. Leia tudo...
Aprecie aquelas páginas de sua vida em que usou seu melhor estilo.
Leia também as páginas que gostaria de nunca ter escrito.
Não... Não tentes arrancá-las. Seria inútil...
Já estão escritas.
Mas você pode lê-las enquanto escreve o novo livro que será entregue.
Se tiver vontade de beijar seu velho livro, beije.
Se tiver vontade de chorar, chore sobre ele e,
a seguir, coloque-o nas mãos do Criador.
Não importa como esteja...

Ainda que tenha páginas negras,
entregue e diga apenas duas palavras: Obrigado e Perdão!!!
E, agora que  o novo ano chegou,
outro livro lhe será entregue, limpo, totalmente em branco,
todo seu, no qual irá escrever o que desejar...

Assim, poderá repetir as boas coisas que escreveu, e evitar repetir as ruins.
Para escrever o seu novo livro, você contará novamente com o instrumento do livre arbítrio, e terá, para preencher, toda a imensa superfície do seu mundo.
  

Feliz Livro Novo!!!

Para começar bem 2016

Para começar bem o ano letivo de 2016, a Secretaria da Educação do Estado reuniu as principais dicas para esse novo momento, com ações simples, mas fundamentais para aprimorar o aprendizado, fortalecer o vínculo entre escola e comunidade e ajudar a trilhar um caminho cheio de realizações. Confira abaixo:

1) Para começar, todos os estudantes, de quaisquer séries, podem elaborar um plano de estudo e um projeto de vida no início do ano. Essa atividade já é realizada nas escolas estaduais e permite que as crianças e os jovens tracem metas e não percam os sonhos de vista, além de auxilia-los no comprometimento com os estudos.

2) Aprender um novo idioma é uma atividade que amplia a bagagem cultural e auxilia na formação para o mercado de trabalho. A Educação oferece aulas gratuitas de inglês, espanhol, italiano, francês, alemão, japonês e mandarim em todo o Estado, nos Centros de Estudos de Línguas (CELs). Confira a unidade mais próxima de você.

3) Pais e responsáveis, participem da vida escolar de seus filhos, seja nas reuniões bimestrais ou no acesso aos boletins online. A comunidade também está convidada a participar das atividades gratuitas realizadas rotineiramente nas unidades de ensino, como gincanas, feiras de ciências e mobilizações.

4) A internet, ferramenta cada vez mais presente na vida das pessoas, pode ser uma ótima aliada no aprendizado. A Educação oferece diversas opções de cursos por meio da Escola Virtual de Programas Educacionais do Estado de São Paulo (EVESP). Os cursos, como inglês, espanhol e pré-vestibular, estão disponíveis 24 horas por dia.

5) Ser protagonista na escola é outra dica importante. Aluno, se a sua unidade de ensino já possui um Grêmio Estudantil, não deixe de participar e ajudar a construir um espaço cada vez mais democrático e cooperativo. Caso não tenha, saiba como fundar uma agremiação aqui.

6) Jovens e adultos que precisaram interromper os estudos também podem retornar à sala de aula. A Educação oferece formação no Ensino Fundamental e Ensino Médio em duas modalidades: regular, na qual os alunos frequentam as aulas diariamente, e flexível, para aqueles que não podem ir à escola todos os dias. Para fazer a matrícula, basta ir a qualquer uma das 5 mil unidades de ensino no Estado.

7) Para ficar em dia com a leitura, aproveite os acervos e programas de empréstimos de livros presentes em todas as escolas da rede estadual.

8) Estudantes, participem do Saresp! A prova anual realizada pela Educação é importante e ajuda a traçar novas políticas de ensino para a rede paulista.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Feliz Natal!


Reunião com PC de 21/12/2016

Solicitamos aos Professores Coordenadores:
 
  •          Ler e trazer impresso o texto: “Educar para competências: desafio do professor no novo  contexto social.” – Vasco Pedro Moretto. (Anexo III);

  •          Ler a ata do encontro anterior para posterior aprovação (Anexo IVV e VI);

  • Ler e trazer impresso a Situação de Aprendizagem 5 – Caderno do professor Volume 2 – História do 3º ano do Ensino Médio. (Anexo VII);

  •         Ler e trazer impresso: Indicadores MGME (Anexo VIII). 

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Há um Maravilhoso Condutor e Solucionador

A enfermidade é um conflito entre a personalidade e a alma. 
O resfriado escorre quando o corpo não chora.

A dor de garganta entope quando não é possível comunicar as aflições.

O estômago arde quando as raivas não conseguem sair.

O diabetes invade quando a solidão dói.

O corpo engorda quando a insatisfação aperta.

A dor de cabeça deprime quando as duvidas aumentam.

O coração desiste quando o sentido da vida parece terminar.

A alergia aparece quando o perfeccionismo fica intolerável.

As unhas quebram quando as defesas ficam ameaçadas.

O peito aperta quando o orgulho escraviza.

A pressão sobe quando o medo aprisiona.

As neuroses paralisam quando a "criança interna" tiraniza.

A febre esquenta quando as defesas detonam as fronteiras da imunidade.

Os joelhos doem quando o orgulho não se dobra.

O câncer mata quando não se perdoa e/ou cansa de viver.

E as dores caladas? Como falam em nosso corpo?

A enfermidade não é má, ela avisa quando erramos a direção.

O caminho para a felicidade não é reto, existem curvas chamadas Equívocos.

Existem semáforos chamados Amigos.

Luzes de precaução chamadas Família.

Ajudará muito ter no caminho uma peça de reposição chamada Decisão.

Um potente motor chamado Amor.

Um bom seguro chamado FÉ.

Abundante combustível chamado Paciência.

Mas há um maravilhoso Condutor e solucionador chamado DEUS!