No momento em que se discute os baixos índices de desempenho dos
educandos brasileiros, a constância de alguns indicadores revelados por
diversos instrumentos avaliativos nos permite apontar objetivamente o que faz
uma boa escola, ou seja, uma escola onde jovens e crianças aprendam.
Sem a pretensão, por óbvio, de ignorar os fatores externos como a
desagregação social e familiar e a questão salarial, quero aqui listar, sem
estabelecer hierarquia entre eles, alguns fatores internos a escola, geralmente
ignorados na definição de políticas, mas decisivos para o sucesso escolar.
Gestão: Uma gestão cuidadosa e eficiente, capaz de tornar a escola um
espaço organizado e agradável, mobilizadora da comunidade escolar em busca
da aprendizagem. Não é suficiente o diretor ter representatividade. Ele
necessita de qualificação para ser gestor;
Participação: O protagonismo de todos os segmentos da comunidade
escolar, especialmente dos pais, acompanhando a gestão e tornando o
Conselho Escolar uma instância decisiva na escola;
Projeto pedagógico claro: As escolas que conseguem definir uma
identidade, assumida por toda a comunidade escolar apresentam bons
resultados;
Qualificação docente: Docentes qualificados, com titulação compatível,
incentivados pela carreira a buscarem novos conhecimentos;
Disciplina: A atividade pedagógica exige organização, disciplina e
concentração. A postura democrática do docente não dispensa o respeito
mútuo e a hierarquia;
Aprendizagem: A escola é um espaço de múltiplas possibilidades, porém
seu foco central é a aprendizagem. As demais atividades devem estar
vinculadas a este objetivo central;
Avaliação: A avaliação constante, tanto interna como externa, da escola,
de alunos e docentes é instrumento indispensável.
A isto se acrescente a existência de condições materiais mínimas como
acesso a informática, utilização de laboratórios e uma boa biblioteca.
A soma
destes fatores, a maioria deles dispensando maiores recursos, resulta nas boas
escolas públicas que as avaliações têm identificado.
Naturalmente estas questões não esgotam o assunto, mas se sobrepõem
a outras que normalmente ocupam o centro do debate, como regime seriado ou
ciclado, gestão democrática, escola de tempo integral ou não, etc.
Se conseguirmos nos concentrar no que é realmente importante,
poderemos conseguir o que centenas de escolas públicas já alcançaram: uma
educação de qualidade.